Agro brasileiro vê questão política nas tarifas dos EUA e pede solução por diplomacia

A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) afirmou nesta quinta-feira que espera uma solução diplomática entre Brasil e Estados Unidos sobre as tarifas anunciadas pelo governo norte-americano. A entidade destacou que a medida imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, trata-se de “uma questão política” que precisa ser debatida entre os países.

Na carta em que anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, Trump mencionou decisões judiciais brasileiras contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras medidas consideradas “injustas” contra empresas norte-americanas do setor de redes sociais.

Para a Abag, que representa os setores do agronegócio brasileiro, não existem justificativas econômicas para as novas tarifas, dada a realidade de anos com superávit norte-americano no comércio com o Brasil, que é “reconhecidamente um parceiro comercial estabelecido e confiável”.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à TV Record nesta quinta-feira que seu governo buscará primeiro negociar com os Estados Unidos a questão tarifária, mas alertou que adotará a reciprocidade caso essas conversas não tenham sucesso.

O ministro da Agricultura brasileiro, Carlos Fávaro, classificou as tarifas de 50% contra o Brasil como uma “ação indecente” e afirmou que o governo está “agindo de forma proativa” para buscar outros mercados.

A Abag ressaltou ainda que a decisão sobre as tarifas “não vai apenas desfavorecer o exportador brasileiro, mas também o próprio consumidor americano”, com aumento de preços para produtos como café e suco de laranja, dos quais os EUA dependem em grande parte da oferta brasileira.

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A entidade citou as indústrias de papel e celulose, carne bovina, suco de laranja, açúcar e café como as principais afetadas no agronegócio pela tarifa de 50%.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) afirmou em nota que o caminho deve ser também o da negociação, com “pragmatismo”.

“Nossa esperança é que os canais diplomáticos sejam intensamente acionados para que a razão e o pragmatismo se imponham para benefício de todos, pois este é o único caminho que serve ao entendimento e à prosperidade”, declarou a CNA.

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A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também pediu negociações com “serenidade, a partir de fatos e estatísticas verdadeiras”.

A Fiesp destacou que existem muitas oportunidades para ampliar os negócios entre Brasil e EUA, que vão desde a exploração de terras raras até o desenvolvimento de padrões mundiais para biocombustíveis, inclusive o SAF (combustível sustentável para aviação).

A entidade citou ainda setores como a integração energética (etanol e gás natural) e investimentos conjuntos para a digitalização da economia, com uso de energia elétrica proveniente de fontes renováveis para o processamento de dados em ambos os países.

Fonte: Info Money

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