Afinal de contas, por que o petróleo está caindo mais de 7%?

Na tarde desta segunda-feira (23), os operadores de Wall Street impulsionaram as ações do mercado dos EUA com a queda do petróleo, depois que os ataques do Irã à base aérea americana no Catar serem considerados limitados e incapazes de desencadear uma repercussão econômica mais ampla. O Brent chegou a cair 7,44%, levando o barril a US$ 71,28.

O S&P 500 subiu quase 1%, com o Catar afirmando ter interceptado os ataques iranianos — sem nenhuma vítima. O West Texas Intermediate caiu para menos de US$ 70, com a resposta do Irã aliviando as preocupações de que o conflito interromperia imediatamente o fornecimento do Oriente Médio.

Com a queda nos preços da energia, as preocupações com uma ameaça iminente à inflação diminuíram, assim como os rendimentos dos títulos, já que a governadora do Federal Reserve, Michelle Bowman, sinalizou apoio a um potencial corte de juros já em julho.

Embora os detalhes ainda sejam escassos neste momento, a mensagem de Wall Street é clara: os primeiros sinais sugerem que a resposta iraniana está se mostrando calibrada como mensagem de retaliação, o que limita o risco de uma escalada mais ampla. Uma resposta geopolítica controlada, por sua vez, pode reduzir a perspectiva de um choque mais amplo na cadeia de suprimentos.

“Apesar das manchetes ameaçadoras, não estamos vendo um aumento nos preços do petróleo ou tensões geopolíticas nos mercados, já que os temores de que o conflito se espalhe e engula toda a região e reduza drasticamente o fornecimento de petróleo, o aumento das tensões geopolíticas não será um efeito negativo substancial neste mercado.”

Oriente Médio

O Oriente Médio é responsável por cerca de um terço da produção global de petróleo bruto, mas ainda não houve sinais de interrupção nos fluxos de petróleo, incluindo para as cargas que passam pelo ponto de estrangulamento do Estreito de Ormuz. Desde o início dos ataques israelenses, há indícios de que os embarques de petróleo iraniano do Golfo aumentaram, em vez de diminuir.

Embora o fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã represente o maior risco de alta para o petróleo, os investidores devem se precaver contra preços excessivos do petróleo bruto, de acordo com Elias Haddad, da Brown Brothers Harriman & Co.

“Primeiro, o Irã depende fortemente dessa passagem para suas próprias exportações. Fechá-la é improvável, pois prejudicaria sua própria economia. Segundo, os EUA e seus aliados mantêm forte presença naval na região. Bloquear o estreito poderia desencadear repercussões militares mais severas contra o Irã”, disse ele.

Os ataques dos EUA às instalações nucleares do Irã estão dominando as manchetes, mas as vendas causadas por eventos geopolíticos tendem a ser breves, de acordo com estrategistas do Morgan Stanley.

“A história sugere que a maioria das vendas lideradas por fatores geopolíticos são de curta duração/modestas”, escreveram estrategistas liderados por Michael Wilson em nota na segunda-feira. “Os preços do petróleo determinarão se a volatilidade persistirá.”

De acordo com a equipe do Morgan Stanley, eventos anteriores de risco geopolítico levaram a alguma volatilidade nas ações no curto prazo, mas um, três e 12 meses após os eventos, o S&P 500 subiu 2%, 3% e 9%, em média, respectivamente.

Investidores em títulos, acompanhando os últimos acontecimentos geopolíticos, estão atentos a indicações de quando o Fed realizará os dois cortes de juros para 2025 projetados pelas autoridades em sua última reunião de política monetária.

Os operadores têm precificado uma chance sólida de que as autoridades promovam uma redução de 25% na reunião de setembro. Discursos de autoridades do Fed e uma leitura do indicador de inflação preferido pelo banco central podem ajudá-los a ajustar ainda mais o momento.

Bowman afirmou que apoiaria a redução das taxas de juros já em julho e que, em sua opinião, os riscos para o mercado de trabalho podem aumentar, enquanto a inflação parece estar em uma trajetória sustentada em direção à meta de 2% do Fed.

Seus comentários ecoaram os do governador do Fed, Christopher Waller, que afirmou na sexta-feira que o banco central pode reduzir as taxas de juros já no próximo mês, reiterando sua visão de que o impacto das tarifas na inflação provavelmente terá curta duração.

Fonte: Invest News

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