Cerca de 58% das autorizações para o aumento de imóveis, chamadas CEPACs, na região da Faria Lima, em São Paulo, foram arrematadas na 6ª Distribuição Pública de CEPAC da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, em leilão realizado na B3.
A distribuição de CEPACs (Certificados de Potencial Adicional de Construção) de hoje movimentou, entre os 94.811 certificados arrematados, R$ 1,67 bilhão, montante 42,4% menor do que a avaliação total do certame, que ofertou 164,5 mil certificados, de R$ 2,9 bilhões.
O CEPAC (Certificado de Potencial Adicional de Construção) é um título emitido pela Prefeitura de São Paulo que permite ao proprietário de um imóvel construir além dos limites básicos estabelecidos pela legislação municipal. Esse certificado é usado como pagamento para obter o direito urbanístico adicional em áreas específicas chamadas Operações Urbanas Consorciadas.
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Cada CEPAC representa um valor correspondente a metros quadrados extras que podem ser construídos ou a modificações nos usos e parâmetros do terreno ou projeto.
“O leilão de CEPACs resultou na colocação de apenas 57% dos títulos ofertados, com manutenção do valor mínimo estipulado e sem ágio. Embora a arrecadação tenha alcançado R$ 1,67 bilhão, o resultado evidencia que o preço inicial foi superestimado, o que limitou o interesse do mercado. A sinalização de um novo certame pela Prefeitura, sem definição de prazo ou alteração nas condições comerciais, reforça a incerteza quanto à efetiva absorção dos títulos remanescentes”, avaliou Giselle Vergal, sócia do b/luz e especialista em direito imobiliário.
O lance inicial elevado dos CEPACs da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, de R$ 17.601, vinha sendo apontado por agentes do setor imobiliário, e a arrecadação do leilão abaixo do esperado atesta que nem a popularidade da região — que abrange parte dos bairros de Pinheiros, Jardim Europa, Jardim América, Itaim Bibi, Moema, Vila Nova Conceição e Ibirapuera — foi capaz de vencer o fator preço.
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“Não acho que teve participação de alguém que estava avaliando um terreno, pensando em comprar. Acho que esse tipo de intenção naufragou. Só comprou CEPAC quem já tem terreno e precisava resolver a questão. O preço de R$ 17.601 aprovado neste leilão é caro”, avalia Sergio Belleza, diretor de Transações e Negócios Imobiliários da Binswanger Brazil.
Segundo Belleza, entre os fatores que repeliram arrematantes está a taxa de juros em 15%, que aumenta sensivelmente o custo do dinheiro, o cenário interno político e o externo, além da suspensão do aumento de 30% do potencial de construção conferido a proprietários de CEPACs já adquiridos, que caiu na noite de ontem (18), às vésperas do leilão, após decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
“O outro fator que surgiu foi a manifestação interna do Tribunal de Contas do Município falando que deveria haver reajuste do preço mínimo do último leilão pra cá (…) Tivemos leilões em 2015, 2016, 2017 e 2019 a R$ 6.531,01 [lance inicial]. Não existe nenhuma obrigação legal de reajustar preço para leilão. Essa manifestação afastou um ou outro interessado. Eu tive pessoalmente alguns clientes que deixaram de operar por conta dessa intranquilidade”, complementou.
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Pinheiros
Ainda que as informções sobre os arrematantes estejam sob sigilo, Pinheiros, na Zona Oeste da capital, deve ser uma das regiões mais impactadas pelos investimentos que virão na esteira do leilão.
“O efeito mais visível deve acontecer em Pinheiros, especialmente no entorno do Largo da Batata. A região tem tudo para se tornar um polo mais vibrante, com novos prédios, moradias e serviços que tragam vida ao bairro. Com a integração ao transporte público e a proximidade da Faria Lima, a tendência é que o bairro se consolide como um dos principais destinos de novos investimentos em São Paulo”, avalia Ygor Chrispin, gerente da divisão de escritórios da Colliers.
Fonte: Info Money